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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Da Redação - Entrevista: Inspetor Regional Euclides Conradim, Coordenador do Grupo de Educação e Prevenção às Drogas – GEPAD (Final)

16 – A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo possui programa de orientação ao uso de drogas, álcool e tabaco voltado ao publico interno? Como são tratados os profissionais que possuem dependência química? O tema faz parte da grade curricular de formação de novos integrantes?


Recentemente formou o Programa 1º Passo, coordenado pelo DTOS – Divisão Técnica de Saúde da SMSU - Casa de Atenção com parceria com A.A. - Alcoólicos Anônimos, Comunidade Terapêutica Familiar, Guarda Civil Metropolitana: SOP – Superintendência de Operações e SUPLAN – Superintendência de Planejamento, GEPAD – Grupo de Educação e Prevenção às Drogas, que terá por objetivo realizar ações com os profissionais da GCM visando a recuperação dos mesmos, e a realização de ações preventivas para o público interno.

A equipe do GEPAD recebe muitas solicitações de colegas da GCM com necessidade de orientação e encaminhamentos, o que temos colaborado, é sumamente importante o desenvolvimento de programas voltados para a saúde dos GCM’s, pois além deste problema existem muitos outros problemas relacionados à saúde nossos GCM’s.

Temos intenção de realizar ações preventivas nas Unidades da GCM, visando a prevenção e servir de elo para que nossos integrantes possam receber orientação e apoio, e aliados ao Programa 1º Passo encaminhá-los para tratamento especializado, pois as medidas adotadas nas Unidades da GCM, são na sua grande totalidade medidas administrativas disciplinares.

A última turma formada pelo CFSU não teve a disciplina Drogas, e segundo informes esta disciplina teria sido englobada na disciplina de Técnicas Operacionais.

Em reuniões pedagógicas com o CFSU, solicitamos o retorno desta disciplina e segundo informes seria concedido quatro horas aulas para o retorno da disciplina no curso de formação. Não temos como afirmar como ficou a grade curricular do próximo curso de formação da GCM.

17 – A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo está inserida nos Programas “Braços Abertos”, “Crack é Possível vencer!”, “Guardiã Maria da Penha” e “Mediação de Conflitos”, voltadas a população em situação de risco, vítimas de violência doméstica e conflitos interpessoais privados, o Senhor concorda com a inserção dos Órgãos de Segurança nessas ações? Elas auxiliam o desenvolvimento social?  

- Sim, com o advento da filosofia de Polícia Comunitária a Guarda Civil Metropolitana tem que estar mais próxima da sociedade, juntos ficamos mais fortes e encontramos as respostas e agiremos com mais facilidade no enfrentando das dificuldades e situações que possam advir.

- No caso dos Programas “Braços Abertos”, Crack “é possível vencer”, a Guarda Civil realiza relevante serviço à municipalidade, garantindo a proteção dos agentes públicos no exercício de suas funções, realizando ações preventivas e educativas, através da Ação Comunitária do GEPAD  - Grupo de Educação e Prevenção às Drogas e da Ação Comunitária Criança Sob Nossa Guarda, pois o efetivo operacional não consegue abranger todos os próprios municipais que apresentam problemas de segurança, mais especificamente voltado às questões de uso, abuso e tráfico de drogas no ambiente da municipalidade.

- Guardiã Maria da Penha é um projeto inovador e necessário à proteção das mulheres com medidas protetivas, a GCM – Guarda Civil Metropolitana promove a proteção de pessoas, e proteger a este público é de fundamental importância, pois sabemos a deficiência do estado com relação ao atendimento destas necessidades, e a GCM demonstra que está evoluindo em suas ações e divulgando o seu lado inovador, comunitário e expressando seu lema de Amiga, Protetora e Aliada da população, o que muito nos alegra, pois as ações beneficiarão as pessoas indefesas e consideradas mais frágeis neste ciclo de violência doméstica.

- Mediação de Conflitos é a prestação de serviços da GCM por integrantes capacitados em resolução pacífica de conflitos, onde a GCM se destaca pela inovação e atuação comunitária, atendendo aos mais variados conflitos, desde que não caracterizados como crimes, e principalmente restabelecendo ou restaurando a amizade das partes em conflito, este é o maior prêmio ao GCM mediador promover a cultura da paz, Pois o mediador não só foca no problema em si, mas busca compreender o conflito e solucionar pela raiz do problema.

- Então, concluo que estas ações auxiliam o desenvolvimento social.

18 – Que orientação o Senhor pode oferecer às famílias que possuem dependentes químicos? 

1-Inicialmente o diálogo como ferramenta para auxiliar, para orientar, para encontrar as respostas.

2-Apoio familiar é fundamental para a recuperação do dependente químico, entender que ele é um doente que não possui controle sobre si mesmo, não tem controle sobre sua dependência, que agredi-lo, xingá-lo, ofendê-lo não é a melhor resposta, poderá desencadear um processo negativo que o levará ainda mais para este caminho das drogas.

3-Encaminhá-lo e acompanhá-lo para ajuda médico especializada (CAP’s AD – Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas, N.A. - Narcóticos Anônimos, A.A. - Alcoólicos Anônimos, CRATOD – Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas, HSPM - Hospital do Servidor Público Municipal, DTOS – SMSU - Divisão Técnica de Saúde da SMSU, Hospital Santa Casa, entre outros). Procurar conhecer tudo sobre esta doença, e juntamente com o doente participar do tratamento, a família não sabe, mas muitas vezes é co-dependente do doente e necessita de ajuda especializada.

4-Se a dependência ainda está nos seu estágio inicial, um tratamento ambulatorial é o começo, pode ser num CAP’s AD. Se já teve várias recaídas, e complicações sérias de relacionamento, o casos é de certa gravidade, a internação em hospital psiquiátrico é indicada.

5-Ajuda espiritual, religião, independente de qual seja o credo do dependente, importante participar de um grupo social positivo, que inspire fé, determinação, que o auxilie a recuperar sua autoestima, e que o auxilie a não fica mal acompanhado.

6-Ocupação para evitar a ociosidade, desenvolver atividades voluntárias, participar de atividades culturais, artísticas, musicais, entre outras.

7-Evitar pessoas e locais que tem relação com o uso de drogas, pois são grandes indutores para a recaída e retorno à dependência, pois o dependente ainda não possui domínio de suas vontades, e o menor fraquejo o levará a perder tudo que conquistou com muito esforço e tempo.

8-Mudança de comportamento é fundamental, pois a recuperação depende de mudança de atitude e determinação.

9-Frequentar locais saudáveis fortalecerá sua decisão pela qualidade de vida, e reforçara sua iniciativa de ficar bem.

10- Realizar atividades que produzem autoestima, trabalhos voluntários.

11- Enquanto há vida, há esperança, nunca desistir, sempre buscar as respostas e insistir mesmo que o dependente tenha recaído, as recaídas fazem parte do processo da cura, importante não desistir. A cura da dependência química é o controle, manter a doença em estado latente, evitando “cutucá-la”, com uma nova dose da droga, pois a recaída será imediata e trará todos os transtornos novamente, necessários ser abstêmio para o resto da vida, sendo necessário muito domínio de si mesmo.

12- Colocar na mente que “é um doente em recuperação”, quando assim o faz, o dependente sabe que não pode ter contato com a droga, se ele se considerar plenamente curado achará que pode usar a droga, e logo recairá, então a estratégia é considerar-se um doente em recuperação, logo estou doente, logo não posso utilizar–se da droga.

13- Procurar verificar as experiências de pessoas que passaram por este problema e estão recuperados, quais caminhos tomarão, o que as ajudou, importante saber para aplicar e ou adaptar para o dependente em questão.

19 – O Senhor é favorável a legalização das drogas de menor poder ofensivo?

Totalmente contrário a legalização de qualquer droga psicoativa para fins de obtenção de prazer químico artificial. Parece que ser contra a legalização da maconha é ser antiquado, não moderno, ultrapassado, como se tudo pudesse ser liberado, permitido, mas peço a atenção dos leitores para ficarem atentos com as informações, analisarem os aspectos científicos de especialistas renomados e não de pessoas que possuem interesses ocultos, existe um trabalho de alguns setores da mídia e de algumas pessoas e até autoridades que tentam formar a opinião pública para esta linha de raciocínio, é importante discernirmos as consequências futuras e os interesses que estão por detrás destas intenções. Será que não são “oportunistas” e ou “espertalhões” que querem promover este caos social ara lucrar, tirar proveito da situação ? Será que eles estão pensando seriamente na saúde das pessoas ? Se houver a legalização da maconha, fatalmente outras drogas serão legalizadas com o mesmo viés de argumentação, seja o de liberdade de escolha do indivíduo, que as drogas industrializadas não fazem tanto mal para saúde, entre outros aspectos. Como já dissemos anteriormente seria importante visitarmos pessoalmente uma “cracolândia” para verificarmos como ficam as pessoas dependentes químicas, quais os desdobramentos que estas pessoas têm em suas vidas, muitas se prostituem, outras entram no mundo do crime, praticam pequenos furtos e roubos, participam do tráfico de drogas, visando adquirir dinheiro para comprar a droga. 

Será que é isso que queremos para a nossa sociedade ?

20 – Qual a mensagem final que o Senhor gostaria de transmitir aos nossos leitores?

Quando estive na “cracolândia” e vi de perto as pessoas enfermas, dependentes químicas, assemelhando-se a pessoas hipnotizadas, cegas com relação à própria condição de vida devido aos transtornos causados pela dependência, tive a convicção do quanto é importante a prevenção, de quanto é importante a família, de quanto é importante a educação, de quanto é importante as políticas públicas para a população mais carente, de quanto é importante a saúde, de quanto é importante ter o conhecimento e oportunidade para fazer boas escolhas, e de que estas pessoas nestas condições de vulnerabilidade social e doentes são exemplos que marcam a minha vida em aprendizado, e me fortalecem em nunca desistir e motivar as pessoas, os jovens, as famílias, os educadores, os demais representantes de outros setores da sociedade em realizar a prevenção ao uso, abuso e dependência de drogas.

Que os pais estejam presentes na educação de seus filhos, que promovam o diálogo, que demonstrem seu sentimento de afeto, de amor, que imponham limites e disciplina nos momentos necessários de correção e orientação, que conversem com seus filhos sobre as consequências das drogas, que os ensinem sobre valores da vida, respeito a si mesmos e ao próximo, que hes ensinem alguma religião para que depois de adultos façam suas próprias escolhas, que lhe deem bons exemplos de pais responsáveis, que evitem de usar drogas na frente deles, sejam as bebidas alcoólicas, seja o cigarro ou outra droga qualquer, que sejam referências, modelos positivos para seus filhos, que ensinem a eles a lutarem por um mundo melhor. E que diante de uma derrota nunca desistam, pois são elas que nos tornam fortes, amadurecidos, mais resistentes e preparados para a vida, sempre recomeçar, nunca desistir ou retroceder. Se por ventura surgir um dependente químico em nossa vida, buscar as respostas, os caminhos, insistir e conduzi-lo para os tratamentos e auxílios necessários. O mundo é uma grande escola, façamos parte da “corrente do bem”, a um grande campo de oportunidades de trabalho para todos nós, seja voluntário, seja no serviço público, enfim, as oportunidades de auxiliar alguém qualquer que seja o tipo de auxílio existe para todos nós, façamos a “diferença”, essa frase me lembra a história de um jovem que sozinho numa praia com um balde com água nas mãos recolhia todas as estrelas do mar que se encontrava fora da água, pois as estrelas do mar fora da água elas morrem, e incansavelmente ele as socorria, e um homem elegante vestido que por ali passava chamou este garoto e indagou a ele: _ Ei garoto, olha a imensidão deste mar, olha a quantidade de estrelas do mar espalhadas na praia? O garoto não lhe deu atenção e continuou seu trabalho. Novamente o homem não se contentou e perguntou ao garoto: _ Por que fazes isto ? O garoto olhou nos olhos do homem e respondeu após pegar uma estrela do mar em suas mãos: _ Para esta aqui eu fiz a “diferença”! O homem retirou-se, foi para casa, à noite em seu leito não conseguiu dormir, pensava no garoto e na cena que lhe tocava. No dia seguinte, o homem vestiu uma bermuda, uma camiseta, um chinelo, pegou um balde e foi de encontro ao garoto e juntos, retiravam as estrelas do mar da areia e devolviam-nas de volta ao oceano, dando vida a elas. 

Reflexão: Assim somos nós, em algum momento de nossas vidas poderemos fazer a diferença para alguém, seja na família, seja no trabalho, seja na sociedade junto a um desconhecido, seja num encontro extraordinário com alguém, através de um simples gesto, apenas ouvir, aconselhar, orientar, socorrer, encaminhar, dar um pedaço de pão, fazer parte de uma ação voluntária, ser útil em algum lugar, produzir o nosso melhor onde estivermos, poderemos fazer a diferença para alguém, termino deixando esta reflexão de que em algum lugar poderemos fazer a diferença para alguém, basta apenas “boa vontade e atitude”, e sempre fazer o nosso melhor pelo nosso próximo.

Qual é a tua obra de vida ? 
Qual o seu legado ?

Importante colocarmos nosso tijolo na construção de nossa obra. 

Nós todos somos a história da GCM-SP.